
Não ao retorno a aulas presenciais sem que antes haja ampla vacinação da população, forte queda nos números de infecções e óbitos por Covid-19, segurança sanitária para não colocar vidas de trabalhadores da educação e de outros setores, estudantes e familiares em risco. Reforçando essa luta e a batalha contra o PL 5595/2020 e o novo decreto do Governo do Estado que permite reabrir aulas presenciais até o 9º ano do Ensino Fundamental para até 40% dos estudantes, o Sindicato dos Servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (SINDSIFCE) participou, na noite deste domingo, 25/4, de reunião do Grupo 8M, formado por trabalhadoras, incluindo muitas atuantes na educação municipal, estadual e superior, além de ONGs, entidades, movimentos e outras instituições.
A reunião contou com mais de 100 participantes, de diversas entidades, e definiu encaminhamentos concretos para ampla participação nessa luta, reforçando o alerta: "Escola sem vacina é chacina!". Desde diversas ações nas redes sociais a articulações com vários setores e outras manifestações.
O SINDSIFCE se somará à construção dessas atividades, destacando a importância da participação dos servidores, servidoras e estudantes do IFCE, bem como de seus familiares, e passa a fazer parte da comissão de coordenação do movimento. Servidores do IFCE se reúnem em Assembleia Geral online nesta quinta-feira, 29/4, às 18h, também reforçando a luta contra o ensino presencial e em defesa da vida.
O Sindicato se manifestou veementemente contra o PL 5595/2020, repudiando a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados na terça-feira, 20/4. A proposta proíbe a suspensão de aulas presenciais durante pandemias e calamidades públicas, exceto se houver critérios técnicos e científicos justificados pelo Poder Executivo quanto às condições sanitárias do estado ou município.
Critérios técnicos e científicos para evitar esse retorno ao ensino presencial são o que não falta! Enquanto os deputados votavam a matéria em sessão híbrida, com a maioria dos parlamentares bem distantes do plenário, participando online, o Brasil contabilizava nada menos que 3.481 mortes por Covid -19 apenas na terça-feira. O país está perto de chegar à marca de 400 mil vidas perdidas para a doença.
O PL 5595, que agora seguirá para o Senado, também retiraria, na prática, o direito de greve dos profissionais da educação, que podem ser obrigados a retornar a atividades presenciais, mesmo diante de concreto risco de morte. Não há "protocolos" suficientes para evitar esse risco, enquanto não houver vacinação ampla, não somente dos professores, mas de toda a sociedade, incluindo estudantes, familiares, profissionais do transporte, inúmeros outros trabalhadores envolvidos em atividades educacionais.
Não existe aula presencial sem risco
Em assembleia realizada pelo SINDSIFCE em 18/3, o dr. Roberto da Justa, infectologista e professor da UFC, foi claro ao apontar a necessidade da vacinação ampla, antes de se começar a pensar em retorno a trabalho presencial nas instituições de educação.
"O único cenário que devemos buscar é que só retornemos às atividades presenciais quando todos estiverem vacinados: nós, servidores, alunos, familiares... Alguém pode até dizer: 'Ah, mas uma atividade híbrida, em sala aberta, com distanciamento, garante uma atividade segura'. Não garante! Você vai se expor. Poderá se infectar e, se for assintomático, levará para a sua família", alertou.
"O que nós precisamos de forma contundente é cobrar o nosso direito de ser vacinado e protegido contra esse vírus. A gente precisa focar nessa luta, pra que a gente não sofra as consequências, que são perdas de vidas. E toda vida importa. Claro que surgem propostas, como ensino híbrido. Isso já vem sendo feito em alguns municípios, principalmente no setor privado, e o que temos visto na prática é a ocorrência de casos, muitas vezes letais. Precisamos resistir a isso. A pressão vai ser muito grande pra que as aulas presenciais voltem", acrescentou.
"Claro que precisamos também pensar no impacto para os nossos jovens. Mas neste momento, antes de vacinação ampla, o principal é a defesa da vida".
Reitores cearenses também repudiam PL 5595/2020
Os reitores das universidades cearenses, menos os da UFC e da Unilab, também repudiaram o PL 5595/2020, em nota publicada conjuntamente sobre o tema na sexta-feira, 23/4, inclusive com a assinatura do reitor do IFCE, Wally Menezes.
"Nós, como gestores de instituições públicas de ensino superior, baseados na ciência, avaliamos que as condições sanitárias decorrentes da pandemia da Covid-19 permanecem desfavoráveis ao retorno obrigatório das atividades presenciais", destacam os reitores na nota, apontando que o projeto traz "um grande risco à população". "As atividades remotas são, nesse contexto, uma forma de preservar a saúde da comunidade acadêmica e de salvar vidas".
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