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O POVO - Edição 15 de outubro de 2020

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15 de outubro: o que celebrar?

 

Por Artemis Martins. Mestra em Educação, professora do IFCE e integrante da diretoria colegiada do Sindicato dos Servidores do IFCE (Sindsifce)

 

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Dedicar um dia ao reconhecimento de quem faz a educação deste País sempre foi importante. Mas em 2020 se tornou fundamental. Na era dos largos desmontes dos serviços públicos, das fake news, do autoritarismo e do ódio como política, ser professora e professor no Brasil – em meio à maior crise sanitária do último século – não é para amadores. 

 

Por isso, quero lembrar o papel histórico de quem faz o dia a dia de trabalho “segurando esse país no braço". Desde a participação na luta pela redemocratização, que escreveu na Constituição federal a educação como “direito de todos e dever do Estado”, às microbatalhas por financiamento, políticas de assistência, acesso e permanência de estudantes, além das melhorias na infraestrutura das escolas e universidades. 

 

A mobilização de professoras e professores por todo o País garantiu a criação do Fundeb em 2006 – o que permitiu, por exemplo, criar o piso salarial do magistério, universalizar o ensino gratuito para a população de até 17 anos em 2009 e de 4 e 5 anos em 2013, bem como consolidar programas como a merenda escolar. 

 

Nossa luta, combinada à estudantil, possibilitou o aumento de vagas no ensino superior, a criação de novas universidades e da rede federal em 2008, da qual o IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) faz parte. Disso advém a interiorização do ensino que, no caso dos Institutos Federais, mudou a vida de milhares de jovens, além de aquecer as economias dos locais mais remotos do País.

 

Estamos sempre presentes na defesa da democracia, da inclusão, da diversidade, da proteção à infância e juventudes e da prestação dos serviços públicos a toda a população, como o SUS (Sistema Único de Saúde). Temos resistido à era da informação “desinformante”, ao esvaziamento do pensamento e à desqualificação da pesquisa que, mesmo abandonada pelo governo, salva vidas. 

 

Neste 15 de outubro, lembremos as contribuições que a prática docente e o conjunto de suas lutas, até aqui, trouxeram à sociedade. Diante dos enormes desafios que temos pela frente, sigamos ombro a ombro, ensinando versos como os de Bertolt Brecht: “Nada deve ser natural, nada deve parecer impossível de mudar”.